EMPREVISTO MALDITO*

Sentei-me na cama, sem saber o que fazer, sem saber em que pensar. Já era de manhã e tinha acabado de chegar a casa. Ao meu lado, tinha a garrafa quase vazia de wisky, e na minha camisola, marcas de raparigas, penso eu, ainda estou muito confuso e com dores de cabeça, que não se importavam com o sexo oposto e só estavam á procura de diversão.

Tudo isto para que? Não adiantou nada, ainda só fiz pior! Nem pareço a mesma pessoa, era tão calmo e sereno, gostava de paz e silêncio!

Tudo começou assim:

Numa manhã estava à janela do meu quarto, a pensar:

Ainda tenho esperanças que um dia voltes, que um dia ainda te possa dizer o quanto gosto de ti e a falta que tu me fazes!

Toca o telefone, vou atender, sem fazer barulho, a minha irmã de 3 anos, acabou de adormecer!

Era o meu amigo Miguel:

Ele: “Olá, tudo bem?

Eu: “Sim...e por aí?

Ele: “Aqui também.”

Eu: "Então, querias falar comigo?  No outro dia, eu era para te ligar, mas depois, não tive tempo!"

Ele: "Sim, queria. Lembras-te daquela rapariga, já foi, há algum tempo. Uma amiga tua, gostavas muito dela, penso que se chamava Cristina, não tenho bem a certeza. A minha mãe contou-me, não sei se tu sabes, ela morreu..., teve um acidente de viação muito grave e não resistiu."
Fiquei chocado, deixei cair o telefone. Olhei para a minha irmã, saí do quarto, e desatei a chorar!
...
Foi assim que tudo começou, aquela rapariga que morreu era aquela , em que eu estava a pensar!
Será, que quando temos a certeza, ou quase a certeza que essa pessoa vai voltar, será que acontece sempre um  emprevisto maldito que nos tira toda a nossa felicidade e a razão de viver?

Music:  Adele - Turning Tables